
Cícero, político romano da Antiguidade, ficou conhecido pela eloqüência contagiante de seus discursos. Por isso, séculos depois, os guias turísticos italianos, de tão efusivos, foram apelidados como “cicerones”. Eles e, mais tarde, os guias do mundo todo. Talvez porque a locução entusiasmada seja inerente à profissão. Pode ser uma cidadezinha colonial, uma grande metrópole, um paraíso natural: o roteiro turístico sempre fica mais divertido com o apresentador. As palavras transformam o olhar, deve ser essa a razão do sucesso do excursionismo. E, em grupo, o viajante (ainda que morador) é convidado a ver a paisagem de um jeito diferente. Sim, uma visita guiada pode ser surpreendente até na cidade onde você vive. Aprende-se a dar atenção a alguns detalhes que a gente nunca nota sozinho e outros que, de tanto ver, nem enxerga mais. Basta uma informação histórica, uma curiosidade para que, pronto, a vida ganhe legendas inteligentes. A guia Fátima Busani me ensinou, por exemplo, que o chafariz barroco da praça Ramos, no movimentado centro paulistano, é inspirado na Fontana di Trevi, de Roma, que eu já vi num bocado de filmes. Que gostoso saber que posso morar numa história bem contada.
Por Leandro Quintanilha para a Revista Vida Simples
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