Diversas hipóteses procuram explicar como e em quais circunstâncias a raça humana diferenciou-se dos primatas. Evidências científicas apontam que a seleção natural, associada ao padrão dietético da época foram os principais responsáveis por tais alterações. Sabe-se que o comportamento alimentar influenciou fortemente nossos ancentrais no aspecto físico, social e comportamental.
“Somos o que comemos” e para compreender o papel da alimentação na evolução humana, é preciso observar a história. Durante milhares de anos, os hominídeos buscavam instintivamente seus alimentos, comportando-se como caçadores-coletores. Essa intensa procura por alimentos desenvolveu nos nossos ancestrais a capacidade de se locomoverem sobre duas pernas, o que permitiu maior mobilidade e acesso a locais mais longínquos.
Além disso, as intensas mudanças climáticas favoreceram a escassez de recursos alimentares, acarretando na necessidade de nomadismo, ou seja, o deslocamento a outras áreas ainda não exploradas. Nesse contexto, o bipedalismo pode ser visto como uma das primeiras estratégias na evolução nutricional humana, pois, esse comportamento, teria aumentado substancialmente o número de calorias despendidas na coleta de alimentos.
Observa-se ainda a expansão do cérebro humano que se associa a uma dieta rica em calorias e nutrientes. Esse desenvolvimento é constatado após o início do consumo de alimentos de origem animal com a ampliação da caça. Estima-se que, nesse período, 60% do total de calorias ingeridas era proveniente de alimentos protéicos.
Com o descobrimento do fogo, o homem passou a cozinhar os alimentos, o que permitiu que os vegetais ficassem mais macios. Isso fez com que os dentes e mandíbulas involuíssem de tamanho diante da facilidade de mastigação.
Com a evolução humana e considerando a alimentação da civilização moderna, observa-se hoje a convergência a uma dieta mais rica em gorduras (particularmente as de origem animal), açúcares e alimentos refinados; ao mesmo tempo uma redução do consumo de fibras, carboidratos complexos e alimentos funcionais.
Em paralelo, a demanda energética da vida contemporânea tem caído drasticamente, devido a um estilo de vida mais sedentário. Estima-se que o gasto energético total do homem atual seja o equivalente a 68% do gasto dos ancestrais hominídeos.
Isso resulta no aparecimento das diversas doenças crônicas que estão em ascensão como obesidade, diabetes mellitus, hipertensão e câncer.
Somos vítimas do nosso sucesso evolutivo. Adotamos uma dieta calórica concentrada, mas minimizamos a quantidade de energia despendida em atividades físicas. Por isso, em questões nutricionais, deveríamos voltar ao passado, aumentando o consumo de alimentos naturais como frutas, oleaginosas e tubérculos, diminuindo a ingestão de alimentos ricos em aditivos alimentares e abandonando o sedentarismo.
Por Fernanda Damas
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